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Estes
trabalhos mostram a produção mais recente de Julio Ghiorzi. Os trabalhos apresentam-se
como verdadeiros metamorfismos, caracterizando-se por fazer aparecer o objeto em estado de
transformação interna e externa, a ação dos materiais - a pressão dos materiais, a
asfixia da cor e do suporte - e tentando capturar um instante deste processo no tempo - e
o seu congelamento na pintura - as vezes antes, as vezes depois de entrarem em tais
estados, nunca no momento exato da transformação, mas justamente no momento que acontece
ao desaparecimento ou ao momento que propõe a recristalização parcial ou integral das
formas objetuais, sem própriamente reintegrá-las numa totalidade orgânica, sem
propriamente produzir uma fusão.
Aqui o elemento fogo se ausenta imaginalmente, não promovendo a fusão elemental. Por
outro lado, podemos falar de um mundo dos metais. Imaginariamente, o metal é o quinto
elemento do horóscopo chinês mas é também a atividade do ferreiro - aliás, segmento
mítico familiar do avô ao neto - da descida à ordem infernal e ao fogo subterrâneo. A
sua função cosmológica é a transformação do espírito que se solta da matéria para
se fazer vencível e luminosa, tal como nos objetos e nos seres de onde ressalta a força
aurático-pictórica do entorno. Esta impureza e resistência é resultante da rápida
solidificação e de ser o metal intermediário entre o fogo e a terra. O que se produz é
uma verdadeira sobreposição e uma justaposição de trechos e texturas, criando novos
objetos imaginários.
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